A nova subscrição de ações do BRB: um caminho para a privatização?
07/11/2024
O BRB anunciou em 30 de outubro um novo aumento de capital social, disponibilizando 88,3 milhões de ações para subscrição privada, ao preço de R$ 8,49 por ação. Esse movimento, aprovado pelo Conselho de Administração, segue um aumento de capital realizado entre maio e julho deste ano, que já havia diluído a participação do Governo do Distrito Federal (GDF) de 71,92% para 65,63% e ampliado a de outros investidores, de 2,05% para 10,62%.
A nova subscrição de ações do BRB pode reduzir a participação do GDF para 53,71%, enquanto a de outros investidores pode aumentar para 26,86%, levantando preocupações sobre uma possível privatização do banco. A diminuição contínua da participação do GDF, combinada com a venda de ativos do conglomerado, reforça essa percepção. O Dieese destaca que o aumento de capital está sendo realizado como uma subscrição privada de ações, na qual novas ações são oferecidas inicialmente aos acionistas atuais.
Entre maio e julho de 2024, o BRB realizou um aumento de capital em duas fases, com 34,8 milhões de ações subscritas ao preço de R$ 8,45 por ação. A maior parte das ações foi vendida no rateio de sobras. O Dieese inclui simulações mostrando que, se todas as ações forem adquiridas por outros investidores, a participação do GDF em ações ordinárias cairá de 63,49% para 56,48%, enquanto a participação em ações preferenciais cairá de 71,02% para 48,35%. Em contraste, a participação de outros investidores em ações ordinárias aumentará de 3,61% para 14,25% e, em ações preferenciais, de 28,28% para 51,17%.
Os empregados do BRB devem ficar atentos a esses movimentos, pois as justificativas apresentadas pelo banco para o novo aumento de capital não se sustentam. Os recentes resultados ruins dos balanços, a qualidade do crédito e do funding do banco, além das perspectivas considerando sua estrutura de capital, indicam que há outras maneiras de melhorar a situação financeira do BRB sem recorrer à privatização. Trata-se de uma abertura desenfreada ao mercado, um caminho sem volta que nos tornará, em comparação a outros bancos estaduais, um dos menos participativos do governo, desvirtuando um dos principais objetivos de um banco público.
Há outras estratégias
Em vez de buscar caminhos para a privatização, o BRB poderia adotar outras estratégias para melhorar sua estrutura de capital. Uma dessas alternativas seria não distribuir mais que 25% do lucro, conforme previsto em lei e reinvestir esses recursos no banco. Essa abordagem permitiria uma gestão voltada para a perenidade da instituição como pública. O aumento de capital do BRB e a consequente mudança na composição acionária do banco são medidas desesperadas para conseguir liquidez a qualquer custo. A administração tem tomado atitudes que podem inviabilizar o banco, focando apenas em resultados de curto prazo e se desfazendo de ativos para apresentar resultados.
Além disso, tudo isso está sendo feito às custas de criar um ambiente de trabalho quase inóspito para os empregados do BRB. As cobranças e assédios aumentam cada vez mais, espremendo os bancários e comprometendo a qualidade do ambiente de trabalho. É essencial que se dote uma gestão focada na sustentabilidade e na qualidade do ambiente de trabalho para os empregados, que são os verdadeiros sustentadores do banco, garantindo assim sua perenidade como uma instituição pública.
Da Redação
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