Contraf-CUT repudia ataques contra a CONTAG
04/06/2025


Nos últimos dias, entidade sindical, que representa agricultores e agricultoras de todo o país, passou a enfrentar série de notícias falsas: “É preciso separar fatos de manipulações”
Na Semana do Meio Ambiente, reforçamos uma certeza: não há direitos no campo sem sindicatos fortes, combativos e respeitados. É com esse entendimento que a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) reafirma seu apoio à Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (CONTAG), que há mais de 60 anos representa, com coragem e legitimidade, os agricultores e agricultoras.
Nos últimos dias, a CONTAG tem sido alvo de ataques covardes, baseados em fake news e informações descontextualizadas. Tentativas de criminalizar sua atuação buscam enfraquecer a principal entidade de representação da agricultura familiar da América Latina.
É preciso separar fatos de manipulações. A CONTAG não pode ser confundida com entidades fantasmas criadas nos governos de Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL), hoje investigadas por fraudes envolvendo descontos compulsórios de aposentados pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Das 11 organizações investigadas pela Operação Sem Desconto, nove foram constituídas nesse período, com fins fraudulentos e lesivos aos aposentados.
Em manchetes sensacionalistas, tenta-se atribuir à CONTAG a responsabilidade por R$ 90 bilhões em empréstimos consignados — uma distorção grosseira da realidade. “Esses valores não têm qualquer relação com descontos sindicais. São contratos individuais de crédito firmados pelos próprios trabalhadores em 2023”, esclareceu a entidade em nota no Instagram.
A democracia participativa também virou alvo. Parte da ofensiva se baseia na nomeação da CONTAG para o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), insinuando que os assentos seriam um “presente” do governo Lula (PT). A verdade é que os representantes da sociedade civil em conselhos como o Consea são escolhidos por meio de chamamento público, seguindo critérios legais, técnicos e representativos. A CONTAG participa por mérito e história, não por favorecimento político.
Ao longo de sua trajetória, a CONTAG foi responsável por conquistas estruturantes para o campo: da aposentadoria rural prevista na Constituição de 1988 à defesa da reforma agrária, do combate às fraudes no INSS às grandes mobilizações, como o Grito da Terra e a Marcha das Margaridas.
“Os sindicatos rurais são a linha de frente da dignidade no campo. A CONTAG é a voz de quem planta, de quem cuida da terra e de quem sustenta a economia deste país. Merece respeito, não perseguição. Não aceitaremos que joguem na lama a história de quem, há décadas, enfrenta coronéis, grileiros e governos autoritários para garantir direitos básicos à população rural”, enfatizou Juvandia Moreira, presidenta da Contraf-CUT e vice-presidenta da Central Única dos Trabalhadores (CUT).
Chico, Margarida e tantos outros: a luta sindical que resiste às ameaças
É impossível dissociar a luta sindical no campo da memória de Margarida Maria Alves. Assassinada em 1983 por defender os direitos de trabalhadores e trabalhadoras rurais, Margarida se tornou símbolo da resistência feminina contra as injustiças no campo. “É melhor morrer na luta do que morrer de fome”, dizia ela.
Seu legado segue vivo na Marcha das Margaridas, um movimento que vai muito além da manifestação quadrienal em Brasília. Trata-se de uma mobilização permanente por igualdade de gênero, políticas públicas e dignidade para as mulheres do campo.
Também resiste na memória do povo a trajetória de Chico Mendes, seringueiro e líder sindical assassinado em 1988 por enfrentar grileiros e defender a floresta e os povos da Amazônia. Sua luta por reforma agrária, justiça social e preservação ambiental segue inspirando gerações e ainda é atacada por setores que rejeitam a força da organização popular.
“O Brasil carrega um histórico cruel de violência contra lideranças sindicais do campo. Muitos pagam com a própria vida por lutar pela titulação da terra, pela agricultura familiar, pela reforma agrária e pelo direito à produção de alimentos saudáveis”, explicou Juvandia Moreira.
Os ataques atuais à CONTAG seguem o mesmo roteiro de criminalização usado contra o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), igualmente alvo de fake news, manipulações e tentativas de deslegitimação. É uma estratégia conhecida: espalhar desinformação, confundir a opinião pública e enfraquecer aqueles que defendem os direitos dos que vivem no campo, nas florestas e nas águas.
“Assim como Margarida e Chico, milhares de mulheres e homens enfrentam cotidianamente a violência e o abandono institucional. E é graças aos sindicatos rurais que eles seguem de pé”, pontuou a presidenta da Contraf-CUT.
Agricultura familiar é causa de todos
A defesa da agricultura familiar, do meio ambiente e da justiça social é uma causa coletiva — de todos os brasileiros e brasileiras.
“A CONTAG é essencial na construção de um Brasil melhor, onde nenhum trabalhador ou trabalhadora rural precise escolher entre comer e ter seus direitos respeitados”, concluiu a presidenta da Contraf-CUT.
Neste momento de ataques e desinformação, a solidariedade se transforma em resistência.
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