Práticas antissindicais do Santander Brasil chegam à direção do banco na Espanha
sexta-feira, 29 de novembro de 2024.
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Práticas antissindicais do Santander Brasil chegam à direção do banco na Espanha

07/11/2024


Trabalhadores de Brasil, Argentina, Uruguai, Chile e Peru protocolaram documento com denúncias em reunião realizada em Madri, nessa terça

Práticas antissindicais, contratação fraudulenta de mão de obra mal disfarçada de terceirização, demissões, fechamento de agências, redução de postos de trabalho. O pacote de maldades do Santander foi oficialmente denunciado à direção do banco na Espanha por dirigentes sindicais de Brasil, Argentina, Uruguai, Chile e Peru. A reunião com representantes da matriz da instituição financeira foi realizada na Cidade Santander Boadilla Delmonte, na manhã da terça-feira (5).

“Esse tipo de contratação visa retirar direitos dos trabalhadores e enfraquecer a representação sindical. Ou seja, enfraquecer a categoria bancária como um todo”, afirma a secretaria de Relações Internacionais da Contraf-CUT, Rita Berlofa, direto da Espanha.

O sindicato global UNI Finanças apresentou à direção do banco uma proposta de criação de um grupo de trabalho para elaborar um protocolo de relações entre a empresa e os sindicatos da América do Sul. O Santander ficou de analisar e dar uma resposta. “Falamos da má relação que o banco está mantendo com os sindicatos”, relata o chefe de departamentos da UNI Finanças Global, Angelo Di Cristo.

Leia também: Nota de repúdio ao Santander por usar PM contra trabalhadores

“Propusemos esse protocolo de relações sindicais porque cremos que o diálogo é o melhor para solucionar os problemas. Sem diálogo não se pode chegar a nada. Esperamos poder seguir em reuniões com o banco para fazer esse protocolo de vital importância para os trabalhadores, para os sindicatos e para o banco Santander na América Latina.”

O diretor regional da UNI América Finanças, Guillermo Maffeo, reforça que a situação é muito grave. “Nós, como dirigentes sindicais, informamos ao banco sobre a necessidade de acabar com esse tipo de conduta e retomarmos o diálogo”, disse Maffeo.

“Enquanto isso, permaneceremos na resistência e mobilizados, na defesa dos empregos e na melhoria das condições de trabalho”, avisa a coordenadora da COE Santander, Wanessa de Queiroz Paixão. Diretora executiva da Fetec/CUT-SP, ela ressalta o quanto as denúncias apresentadas à matriz do banco afligem os trabalhadores nas agências e nos departamentos do Santander no Brasil.

“Protocolamos um documento sobre toda essa situação junto à direção do banco, em Madri. Tudo isso, inclusive, reconhecido pelo Ministério Público do Trabalho como práticas antissindicais por parte do Santander no Brasil. Seguimos na luta exigindo respeito do banco”, completa Wanessa.

A reunião, de quase duas horas, foi coordenada pela UNI Finanças Global e contou também com a participação de Márcio Monzane, secretário regional da UNI Américas,   e dos sindicatos espanhóis Comissões Obreiras e Fes-UGT.

Cabesp e Banesprev

No caso do Brasil, a direção do Santander na Espanha ouviu também denúncias sobre o desrespeito do banco aos estatutos do fundo de seguridade social (Banesprev) e da caixa de assistência em saúde (Cabesp) dos trabalhadores oriundos do Banespa, comprado pelo Santander em 2000. “O Santander está desrespeitando inclusive determinações judiciais relativas aos direitos dos trabalhadores tanta na Banesprev quanto na Cabesp”, denuncia Rita Berlofa que também é dirigente da Afubesp, a associação de funcionários do Banespa.

“O Santander segrega os diretores eleitos e sonega informações necessárias para que possam bem executar o seu papel.”

Além disso, o Santander Brasil ameaça os trabalhadores com a retirada de patrocínio por parte do banco tanto no Banesprev quanto na Cabesp. “Isso é inaceitável. Os trabalhadores do Banespa estão envelhecidos. E depois de tanto contribuírem com seus conhecimentos para o engrandecimento da empresa, na fase da vida em que mais precisam, sofrem esse ataque do Santander”, critica a dirigente.

“Esperamos que a situação se normalize, que possamos voltar ao diálogo e que os conflitos sejam resolvidos pela via negocial e não pela via jurídica”, diz Rita Berlofa.

 

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